Dieta enteral contínua e a dieta enteral intermitente

Qual a diferença e quais as indicações da dieta enteral contínua e da dieta enteral intermitente?

Qual a diferença e quais as indicações da dieta enteral contínua e da dieta enteral intermitente? Já discutimos sobre as indicações da terapia nutricional, vias de alimentação, as complicações, muitas vezes irreversíveis, causadas pela desnutrição que é comumente negligenciada.

Discutamos agora sobre a progressão da dieta enteral e a adequação da melhor forma em como ofertá-la a  cada paciente, considerando que, neste momento, o tipo de dieta, contemplando a integridade dos nutrientes e a densidade calórica, já foi determinada.

DIETA ENTERAL CONTÍNUA

A infusão contínua da dieta enteral geralmente é a forma inicial de se oferecer o alimento ao paciente por meio tanto do cateter nasoenteral ou ostomia. Utiliza-se bomba para infusão contínua e, nessa se coloca, em mililitros por hora, o volume que será administrado.

Geralmente, inicia-se com volumes pequenos, progressão de 15mL a cada seis ou oito horas, até se atingir o objetivo. Em alguns pacientes, esta progressão deve ser mais lenta, às vezes contemplando intervalos maiores sem a mesma, conforme a tolerância. Um caso típico deste exemplo, são os pacientes com risco de síndrome de realimentação. Nesses o volume iniciado é pequeno, a progressão é lenta, de acordo com os valores do ionograma (sobretudo níveis de fósforo e potássio).

A infusão contínua deve ser prescrita, em geral, para pacientes em início da terapia enteral e para aqueles que se anteveja que não toleram grandes volumes da dieta, como os que têm indicação de dieta para manutenção do trofismo de enterócitos, em associação com a dieta parenteral. Outra indicação da dieta contínua é para pacientes que apresentam diarreia que não responde às medidas de tratamento habitual, como prescrição de amido cru ou fibra solúvel, tratamento de infecções, e demais ajustes na dieta enteral.

Uma outra forma de se oferecer a dieta enteral, é por turnos. É o que chamamos de dieta cíclica. Na maioria das vezes se oferece a dieta durante a noite, para que o dia fique livre para ser ofertado o alimento por via oral.

DIETA ENTERAL INTERMITENTE

A dieta enteral intermitente é também uma forma de se oferecer a nutrição. Basicamente é o fracionamento do volume total calculado para o dia, em volumes pré-determinados, a serem infundidos por determinado período, em horários específicos do dia, simulando as refeições.

Exemplo: se um paciente precisa receber 1200mL de dieta enteral num dia, este pode ser dividido em seis horários, com infusão de 200mL entre 40 minutos e uma hora, seja por meio de bomba de infusão, gravidade (frasco e equipo) ou com seringa. Salienta-se que idealmente, a infusão deva ser controlada por bomba.

Esta é a forma mais fisiológica de se oferecer a dieta, já que evita níveis continuamente elevados de glicemia e insulina, como os que ocorrem na infusão contínua.

Em pacientes que começam a tolerar a dieta por via oral, a infusão intermitente pode ser adotada como transição. Retirando-se, por exemplo, alguns horários de oferta da dieta ou até mesmo prescrevendo-se a cíclica noturna, o que deixaria o dia livre, esperando-se que o doente tenha mais apetite.  

A grande desvantagem da dieta intermitente é que, por oferecer maiores volumes em curto período de tempo, o risco de se aspirar a dieta para os pulmões é maior. Mas é algo não impeditivo, e que pode ser minimizado pela correta indicação de transição de dieta e adequado posicionamento do paciente.

Conclusão

Em conclusão, ambas as infusões de dieta enteral podem ser indicadas em qualquer momento da terapia nutricional instituída. O estado clínico e a reavaliação periódica são as condições prioritárias para adequar a prescrição ao tipo de infusão. E como dito em outros textos, a interdisciplinaridade deve ser sempre o que determina a melhor assistência ao paciente.

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